Uma extensa investigação sobre ecossistemas microbianos no oceano profundo revelou nível sem precedentes de novas espécies que vivem na chamada “zona hadal”, com 89,4% delas sendo registradas pela primeira vez.
O estudo foi realizado pela Universidade Jiao Tong de Xangai (China), juntamente com diversas instituições colaboradoras, incluindo a Universidade de Copenhague (Dinamarca) e o Laboratório Nacional Lawrence Berkeley.
Submersível Fendouzhe usado na coleta das amostras no oceano (Imagem: Reprodução/MEER) Ambientes hadal são aqueles localizados em profundidades superiores a seis mil metros abaixo do nível do mar, que abrigam um dos ecossistemas menos explorados da Terra.
Vida congelante no fundo do oceano Até então, as pesquisas apontavam que a diversidade microbiana nessas profundezas era limitada. Isso porque a região sofre com imensa pressão hidrostática e temperaturas próximas ao ponto de congelamento, limitando a presença de nutrientes para gerar vida.
O projeto de Pesquisa Ambiental e Ecológica da Fossa das Marianas (MEER), no entanto, aumentou o número de amostragens coletadas pelo submersível Fendouzhe, com capacidade de 220 kg e um tempo de operação de seis horas.
Entre agosto e novembro de 2021, os pesquisadores realizaram 33 mergulhos, coletando 1.648 amostras de sedimentos, 12 filtrados de água do mar e vários espécimes de macroorganismos entre seis mil e 10,9 mil metros na Fossa das Marianas, Fossa de Yap e Bacia das Filipinas.
Eles, então, conduziram sequenciamento metagenômico em larga escala para determinar a diversidade microbiana e as estratégias de adaptação na zona hadal. Os resultados foram publicados no jornal científico Cell.
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Do que os animais do fundo do mar se alimentam? Estranhas lulas são flagradas nas águas congelantes da Antártida; assista Listras no fundo do mar denunciam as inversões magnéticas da Terra Mapa da região onde foram realizadas as expedições (Imagem: MEER/Reprodução) O que eles descobriram? O sequenciamento metagenômico identificou 7.564 espécies microbianas, 89,4% das quais não haviam sido relatadas anteriormente; Os dados revelaram níveis excepcionalmente altos de novidade, diversidade e heterogeneidade microbiana, particularmente entre procariontes e vírus; A pesquisa destaca duas espécies representativas da macrofauna hadal: os anfípodes hadal (Hirondellea gigas), com trocas populacionais horizontais entre trincheiras, e o peixe-caracol hadal (Pseudoliparis swirei), que exibe invasão vertical de vertebrados do fundo do mar para a zona hadal. De acordo com a pesquisa, a seleção ambiental, e não a deriva aleatória, é determinante na comunidade microbiana no oceano profundo. Além disso, as espécies compartilham mecanismos de adaptação com a macrofauna e possuem sistemas aprimorados de respostas fisiológicas a condições de ultra-alta pressão.
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