A tensão entre Irã e Israel aumentou ao longo da última semana. E especialistas acreditam que ambos podem desenvolver armas nucleares. Será que eles já fizeram isso? A resposta é complicada, mas dá para simplificar.
Para começar, não há confirmação de que o Irã tenha armas nucleares. Já Israel tem quase 100 ogivas nucleares, segundo organizações que monitoram esse tipo de armamento. Mas elas não estão prontas para uso imediato.
Vale reforçar: apesar da escalada da tensão entre Irã e Israel, considera-se improvável que disparem armas nucleares um contra o outro, segundo o G1.
Programas nucleares de Irã e Israel: o que se sabe
Agora, vamos à versão complicada da resposta sobre os programas nucleares de Irã e Israel.
Irã
Não há confirmação oficial de que o Irã tenha armas nucleares. Mas institutos de pesquisa e organizações internacionais concordam que o país tem capacidade técnica para desenvolvê-las.
Além disso, autoridades iranianas já declararam publicamente sobre a possibilidade de uso bélico da energia nuclear. Em 2022, o ex-ministro Mohammad Eslami afirmou que o país conseguiria desenvolver uma bomba atômica. Mas “não existe tal plano na agenda”, frisou na época.
O Irã é signatário do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares desde 1968, mas enfrenta sanções por descumpri-lo desde 2003.
- Em 2015, o país firmou acordo com o grupo P5+1 (Estados Unidos, China, França, Rússia, Reino Unido e Alemanha) para alívio das sanções;
- Em 2018, durante o primeiro governo Trump, os EUA se retirou do acordo. Em 2019, o Irã deixou de cumprir sua parte.
Nesta semana, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU afirmou, pela primeira vez em quase 20 anos, que o Irã descumpria o tratado de não-proliferação.
Ok, o Irã conseguiria produzir bombas nucleares. Mas quantas, afinal? As estimativas variam.
Em 2019, o Serviço de Pesquisa do Congresso Norte-Americano estimava material suficiente para pelo menos oito bombas nucleares. É perto do número citado pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu (nove).
Segundo relatório confidencial da AIEA divulgado em fevereiro de 2024, o Irã possui 712,2 kg de urânio enriquecido a 20% e 121,5 kg a 60%, níveis que se aproximam dos 90% necessários para fabricar uma bomba atômica.
Israel
Israel possui 90 ogivas nucleares, segundo duas organizações especializadas no monitoramento de armamentos nucleares – a Federação dos Cientistas Americanos (FAS) e o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri).
- Esse arsenal coloca Israel como detentor do oitavo maior conjunto de armas nucleares do mundo.
A FAS classifica as ogivas israelenses como armazenadas. Na prática, significa que não estão instaladas em lançadores prontos para uso imediato. A título de curiosidade: cinco países possuem armas nucleares em condições operacionais completas – EUA, Rússia, França, Reino Unido e China.
No entanto, Israel nunca admitiu publicamente possuir armas nucleares. A manutenção da incerteza sobre o programa nuclear israelense serve principalmente a duas estratégias:
- Funcionar como forma de dissuasão contra potenciais adversários;
- Minimizar a pressão internacional sobre seu programa nuclear para evitar maior escrutínio e possíveis sanções.
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Qual é a força militar do Irã e de Israel?
O Irã possui aproximadamente 600 mil integrantes nas Forças Armadas Regulares (Artesh), que incluem o Exército, a Marinha – com unidades de fuzileiros navais –, a Defesa Antiaérea e a Força Aérea.
- Outra parte vai para o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (Sepah), que controla as próprias forças marítimas, aeroespaciais e terrestres, além das unidades paramilitares Basij, que fazem a segurança interna, e a elite da Força Quds.
Por outro lado, a CIA afirma que Israel possui um efetivo de 170 mil militares ativos, com 130 mil nas forças terrestres, 30 mil na Força Aérea e 10 mil na Marinha. Além disso, de acordo com o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), Israel tem 340 aeronaves militares. Já o Irã conta com 320 aeronaves.
Saiba mais sobre o poder de guerra de ambos os países e o contexto histórico do conflito entre eles nesta matéria do Olhar Digital.
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