A Força Aérea dos Estados Unidos selecionou a Blue Origin e a Anduril Industries para novos contratos de estudo num projeto ambicioso: usar foguetes para o “frete” de cargas militares a qualquer ponto do planeta em menos de uma hora.
As duas empresas receberam aportes de até US$ 1,3 milhão (cerca de R$ 7,3 milhões) para desenvolver propostas no programa Rocket Experimentation for Global Agile Logistics (REGAL), segundo o Space.com.
O objetivo é avaliar se tecnologias hoje usadas em lançamentos espaciais podem ser adaptadas para logística terrestre, em situações que vão de reabastecimento emergencial em zonas de conflito a operações de ajuda humanitária.
O conceito, conhecido como “rocket cargo”, é visto pelo Pentágono como um passo para transformar foguetes comerciais num serviço sob demanda, semelhante ao modelo de contratos que já mantém com companhias aéreas.
Como funcionaria a entrega de cargas por foguetes
A ideia central do projeto é relativamente simples: em vez de depender de aviões cargueiros que levam horas ou dias para chegar a regiões distantes, a Força Aérea quer usar foguetes reutilizáveis para lançar cápsulas de carga e aterrissá-las em locais estratégicos.
Assim, seria possível entregar suprimentos militares ou ajuda humanitária de forma quase imediata, o que reduziria drasticamente o tempo e a complexidade das operações logísticas.
O que cada empresa vai desenvolver
A Blue Origin recebeu US$ 1,3 milhão (cerca de R$ 7,3 milhões) para estudar como adaptar seus foguetes, como o New Glenn, ao transporte ponto a ponto de cargas.

A análise deve indicar de que forma veículos projetados para lançar satélites e missões espaciais poderiam ser usados também em trajetórias suborbitais com pouso rápido em locais específicos (mais sobre isso na próxima parte desta matéria).
Já a Anduril Industries, mais conhecida por seus drones militares e sistemas autônomos, ficou com um contrato de US$ 1 milhão (aproximadamente R$ 5,6 milhões).
Segundo o TechCrunch, a proposta prevê um contêiner capaz de levar entre cinco e dez toneladas de carga, com sistema de proteção térmica para suportar a reentrada. E que consiga acomodar diferentes tipos de equipamentos definidos pelo governo.
O desafio é criar uma cápsula reutilizável que atravesse a atmosfera sem destruir o conteúdo no caminho.
Funcionamento na prática
A proposta da Força Aérea é transformar foguetes numa espécie de “avião cargueiro espacial”. Em vez de transportar pessoas ou satélites para a órbita, os veículos seriam usados para levar cápsulas de carga de um ponto a outro da Terra em trajetórias suborbitais.
Assim, seria possível lançar suprimentos num foguete a partir dos Estados Unidos, por exemplo, e fazer a cápsula pousar em menos de uma hora em qualquer lugar do planeta.

Esse modelo permitiria atender missões urgentes, como reabastecer tropas em zonas de conflito ou levar medicamentos e equipamentos a regiões atingidas por desastres naturais.
O transporte por foguetes não substituiria a aviação tradicional. Na verdade, funcionaria como uma alternativa de resposta rápida em situações críticas.
Quem mais já entrou na corrida do “rocket cargo”
O interesse militar por entregas rápidas via foguetes não é novo. E outras empresas já foram contratadas para estudos semelhantes, de acordo com o site SpaceNews, que acompanha o programa REGAL desde 2021.
A Sierra Space, responsável pela nave não tripulada Dream Chaser, por exemplo, recebeu um contrato em 2024. Em 2025, a Rocket Lab também foi selecionada, com a previsão de realizar uma demonstração em voo.
Esses acordos fazem parte do programa REGAL, lançado em 2021 como o principal canal da Força Aérea para testar propostas comerciais na área.
A ideia é que, em vez de desenvolver e manter seus próprios foguetes, o Departamento de Defesa contrate serviços de empresas privadas, num modelo parecido com o que a NASA já faz para transporte de cargas e astronautas à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).
Leia mais:
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Próximos passos e desafios pela frente
Apesar do entusiasmo, o projeto ainda está em fase inicial e enfrenta obstáculos técnicos e financeiros. O maior desafio envolve a reentrada atmosférica: criar cápsulas que suportem o calor extremo sem comprometer a carga.
Além disso, ainda há questões de custo e infraestrutura. Isso porque cada lançamento exige locais apropriados e logística complexa. A expectativa é que o programa REGAL avence nos próximos anos com novos estudos e possíveis testes em voo.
Enquanto isso, o “rocket cargo” segue como um experimento que pode redefinir a forma como exércitos – e até operações civis de emergência – movimentam suprimentos ao redor do planeta.
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