A presidência da Autoridade Nacional Palestina (ANP), chefiada por Mahmoud Abbas, expressou nesta sexta-feira (8) “forte rejeição e condenação das perigosas decisões tomadas pelo gabinete israelense para reocupar toda a Faixa de Gaza“, o que significa “a continuação da política de genocídio, assassinatos sistemáticos, fome e cerco” no enclave. Em comunicado, a presidência reage à aprovação nesta manhã pelo gabinete de segurança do governo israelense da continuação da ofensiva no enclave e da ocupação da Cidade de Gaza, deslocando seus quase um milhão de habitantes para o sul. Para o gabinete de Abbas, essa é uma “violação flagrante da lei humanitária internacional e das resoluções de legitimidade internacional” e “levará a uma catástrofe humanitária sem precedentes”.
Os planos de Israel, segundo a nota, se somam à expansão dos assentamentos israelenses ilegais na Cisjordânia ocupada – governada em algumas de suas áreas pela ANP – e aos ataques dos colonos contra seus habitantes. A presidência enfatiza que “o povo palestino não aceitará a política do ditado ou a imposição de fatos pela força” e reafirma seu direito à autodeterminação e ao estabelecimento de um Estado independente. “Diante dessa perigosa escalada, o Estado da Palestina decidiu iniciar contatos urgentes com os órgãos internacionais relevantes e abordar imediatamente o Conselho de Segurança da ONU para solicitar medidas urgentes e obrigatórias para pôr fim a esses crimes”, informa a presidência.
Na nota, o Estado também pede ao presidente dos EUA, Donald Trump, que “intervenha para impedir a implementação dessas resoluções e, em vez disso, cumpra sua promessa de parar a guerra e avançar em direção a uma paz duradoura”. O gabinete de segurança do governo israelense deu sinal verde na madrugada desta sexta-feira a um plano militar proposto por Netanyahu para ocupar a Cidade de Gaza no norte do enclave, que abriga um milhão de pessoas.
Em entrevista à emissora “Fox News” antes da reunião do gabinete, Netanyahu comentou que seu objetivo é ocupar toda a Faixa de Gaza, mas que não pretende tomá-la ou dominá-la, mas sim manter um “perímetro de segurança” e entregá-la a “forças árabes que a governarão” sem ameaçar Israel e sem o Hamas. As forças armadas israelenses têm relutado com esse plano, que envolve operar em locais onde há reféns (20 vivos e 30 mortos), por medo de que os grupos armados palestinos em Gaza os executem diante do avanço das tropas, como aconteceu no final de agosto de 2024 com seis cativos, encontrados em 1º de setembro.
De acordo com o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), 88% do enclave palestino já está sob ordens de deslocamento forçado ou foi transformado em uma área militarizada por Israel, o que coloca o território controlado por suas forças em 75%, de acordo com a imprensa israelense. Mais de 60.000 pessoas morreram no enclave palestino desde o início da ofensiva israelense em outubro de 2023, em uma situação denunciada como genocídio por países como a África do Sul perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ), uma classificação que também foi usada por organizações internacionais e israelenses de direitos humanos.
*Com informações da EFE