O comentarista político Caio Coppolla não poupou críticas ao novo curso lançado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) com foco no público evangélico.
Durante sua participação no programa O Grande Debate, exibido nesta segunda-feira (12) pela CNN Brasil, Coppolla classificou a iniciativa como uma tentativa desesperada de aproximação com um segmento que historicamente rejeita a legenda.
“A pergunta não é se o PT encontrou a fé. É se encontrou um obstáculo no caminho para o poder — e esse obstáculo é a fé cristã”, afirmou, em tom ácido. Para o comentarista, a sigla não tem vínculos autênticos com os valores do cristianismo e estaria utilizando a religião como ferramenta política.
Coppolla ainda relembrou os processos enfrentados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cujas condenações foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e fez menções bíblicas ao associar o partido à corrupção e à mentira.
“Um partido marcado por escândalos, liderado por alguém que normalizou a mentira, jamais será acolhido de verdade pelo povo de Deus”, declarou.
O curso em questão, intitulado “Fé e Democracia para Evangélicos e Evangélicas”, tem lançamento previsto ainda para o mês de maio, em São Paulo, por meio da Fundação Perseu Abramo — braço de formação política do PT.
A proposta é construir pontes com o eleitorado evangélico, que atualmente demonstra alto nível de rejeição ao governo Lula. Dados do Instituto Datafolha indicam que 49% dos evangélicos classificam a gestão como ruim ou péssima, enquanto apenas 19% aprovam.
A formação contará com nomes ligados à militância cristã dentro do partido, como a deputada federal Benedita da Silva (RJ), que é evangélica. Segundo os organizadores, o objetivo é promover o diálogo com o segmento religioso por meio de debates sobre fé, política e justiça social.
Durante o debate na CNN, Coppolla também ironizou a movimentação do PT e lembrou críticas feitas no passado por Geraldo Alckmin, atual vice-presidente, ao próprio Lula, sugerindo contradições dentro da aliança política que sustenta o governo.
Essa aproximação com os evangélicos faz parte de uma estratégia mais ampla visando as eleições de 2026. Desde o ano passado, o partido tem lançado materiais voltados ao público cristão, como vídeos com religiosos filiados e cartilhas destinadas a candidatos simpáticos à causa da fé.
Apesar da tentativa de reformular sua imagem diante dos evangélicos, analistas avaliam que o PT ainda enfrenta forte resistência nesse nicho, considerado um dos mais influentes na política nacional.
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