O pastor, psicanalista e escritor Caio Fábio voltou a causar polêmica nas redes sociais ao tecer duras críticas ao evento “Legendários” — uma imersão voltada exclusivamente para o público masculino, que promete uma jornada de transformação espiritual por meio de desafios físicos intensos, reflexões bíblicas e atividades ao ar livre.
O retiro, que acontece em uma Área de Proteção Ambiental (APA), chega a cobrar até R$ 81 mil por participante, valor que gerou indignação entre críticos.
Conhecido por seu olhar contestador dentro do meio evangélico, Caio Fábio não poupou palavras ao comentar sobre o projeto. Em sua visão, o evento representa mais um exemplo da tentativa de mascarar discursos de dominação com uma roupagem espiritual.
“Machos querendo se reinventar pelo poder e pelo domínio. Tudo gente que não brincou e nunca aprendeu a amar”, escreveu o pastor, que classificou a iniciativa como uma representação distorcida do evangelho.
Para ele, o “Legendários” reforça estereótipos ultrapassados sobre masculinidade, promovendo uma ideia de homem baseada na força, no controle e em símbolos militarizados.
“É uma performance de dominação disfarçada de espiritualidade”, declarou, acrescentando críticas à estética do evento, que inclui bandeiras de Israel, gritos de guerra e linguagem voltada à disciplina e conquista. “É um curso de dominação sobre fêmeas servas e alienadas. Affff. Que feio!”, desabafou.
Outro ponto fortemente questionado pelo líder religioso foi o custo elevado da experiência, que, segundo ele, se desconecta completamente das necessidades espirituais genuínas das famílias.
“O problema das famílias não tem nada a ver com pagar uma fortuna. A espiritualidade não se compra com dinheiro, tampouco se alcança com exercícios de resistência ou rituais de poder”, pontuou.
Para Caio, a verdadeira formação masculina não se dá em trilhas montanhosas nem em ambientes de competição, mas na vivência cotidiana com figuras paternas e maternas, na observação de relações saudáveis e no cultivo da empatia.
“Aprendemos a ser homens vendo um pai tratar bem a mãe, sendo humanos, generosos, e não subindo montanhas para dominar alguém”, completou.
A organização do “Legendários” ainda não comentou publicamente sobre as declarações.
As críticas de Caio Fábio reacendem o debate sobre os modelos de masculinidade promovidos por movimentos religiosos contemporâneos.
Enquanto algumas correntes dentro das igrejas evangélicas buscam resgatar um ideal masculino baseado em liderança, força e proteção, vozes como a do pastor sugerem um caminho oposto — centrado no afeto, na igualdade de gênero e na superação de traumas emocionais.
A polêmica expõe uma tensão crescente no cenário evangélico brasileiro entre diferentes visões sobre o papel do homem na fé e na sociedade.
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