Centenas de pessoas foram neste sábado (6) em Milão, mesmo horas antes de sua abertura, ao velório do estilista Giorgio Armani, uma instituição da moda italiana no mundo e a quem todos admiravam por sua criatividade, mas também por seu instinto empresarial. O funeral, que também permanecerá aberto no domingo, foi instalado no Teatro Armani, na rua Bergognone 59, em Milão, onde Armani encarregou o arquiteto japonês Tadao Ando de construir um enorme edifício que foi inaugurado em 2015, dedicado à criatividade, com escritórios, espaços de exposições para desfiles e outros eventos culturais.
No local onde Armani apresentava suas coleções durante as Semanas de Moda de Milão, o caixão foi colocado na quase total escuridão com um ramo de flores brancas e um tapete de lanternas no chão com uma placa de alabastro com um crucifixo e a presença de uma guarda de honra dos Carabineiros, corpo militar e de segurança da Itália. Atrás do caixão, uma grande tela mostra o retrato sorridente do homem conhecido como “rei” da moda italiana e a frase que foi escolhida como seu testamento: “O legado que espero deixar é o compromisso com o respeito e o cuidado com as pessoas e a realidade. É aí que tudo começa”.
Junto ao caixão de Armani, estavam Leo Dell’Orco, seu companheiro de vida nos últimos 20 anos, Federico Marchetti, fundador da Yoox, amigo fiel e membro do conselho de administração da Giorgio Armani S.p.A., e seus sobrinhos, entre eles Andrea Camerana, um de seus principais colaboradores. A família sempre esteve próxima do estilista. Entre as pessoas que esperavam a abertura do velório estava o arquiteto Stefano Boeri, que não entrou pela entrada reservada às personalidades, e fez fila como muitos visitantes: “Na minha opinião, é a maneira mais correta de estar lá”, disse o arquiteto à imprensa.
“Um ícone reconhecido e nos deu no mundo do esporte um estilo inconfundível; somos os mais invejados. Para nós, Giorgio Armani será inesquecível; ele tornou a Itália grande e ajudou a fazer o esporte se tornar grande”, declarou Luciano Buonfiglio, presidente do Comitê Olímpico Nacional Italiano (CONI), ao sair do funeral, lembrando que o estilista foi proprietário do time de basquete Olimpia Milano e o estilista dos uniformes da equipe italiana para os Jogos Olímpicos.
Um dos primeiros a chegar foi o presidente da Stellantis e Ferrari e neto de Gianni Agnelli, John Elkann, com sua esposa Lavinia Borromeo, seguido pouco depois pelo prefeito de Milão, Beppe Sala. “Milão está repleta de Armani; será impossível esquecê-lo. Ele parte de Milão com sua absoluta convicção no trabalho como meio de realização pessoal e profissional. É um valor que Milão nunca perderá. Foi um grande milanês que fez tanto por esta cidade”, declarou Sala.
Por ocasião do funeral de Giorgio Armani, que será realizado em particular na segunda-feira, 8 de setembro, o prefeito declarou dia de luto na cidade, como demonstração de condolências e pêsames da comunidade milanesa, e a bandeira da cidade estará a meio mastro em todos os edifícios municipais. A imprensa italiana destaca que agora o testamento de Armani será aberto, já que não teve filhos, e nele serão distribuídas as cotas de seu império industrial, com um faturamento de 2,3 bilhões de euros e que será gerenciado pela fundação que criou em 2016 justamente para gerenciar a empresa após sua partida e salvaguardar a governança e garantir a estabilidade a longo prazo do grupo.
Também incluirá a distribuição de um patrimônio de 13 bilhões de euros, do qual os herdeiros mais próximos são sua irmã Rosanna, suas sobrinhas Silvana e Roberta, seu sobrinho Andrea Camerana e seu braço direito de toda a vida, Pantaleo Dell’Orco, que sempre foi considerado parte da família.
Giorgio Armani durante a Semana de Moda Feminina de Alta Costura Primavera/Verão 2025
*Com informações da EFE