Nos últimos dias, o governo dos Estados Unidos anunciou a compra de 10% das ações da Intel. O acordo acontece em um momento delicado financeiramente para a tradicional fabricante de chips norte-americana e após o presidente Donald Trump pedir a renúncia do CEO da empresa.
De acordo com o portal TechCrunch, a iniciativa faz parte da estratégia da Casa Branca de fortalecer a indústria doméstica, bem como se posicionar como líder global na produção de chips semicondutores. Em outras palavras, assumir o controle de parte de uma gigante do setor é uma resposta ao crescimento da China.

Trump chegou a pedir a renúncia imediata do CEO da Intel
- No início de agosto, o presidente dos EUA fez uma publicação na rede social Truth Social afirmando que o CEO da Intel estava “em grande conflito” e que deveria renunciar imediatamente.
- O posicionamento do republicano veio após o senador republicano Tom Cotton, do Arkansas, ter enviado uma carta à Intel manifestando preocupações com a segurança nacional.
- Cotton mencionou um antigo caso criminal envolvendo a Cadence Design (da qual Lip-Bu Tan foi CEO até 2021), em que a empresa teria enviado ilegalmente produtos para a China.
- O senador questionou se o executivo foi obrigado a se desfazer de participações em empresas com ligações ao Partido Comunista Chinês e pediu garantias de que a Intel está em conformidade com as regulamentações de segurança dos EUA.
- Em resposta, Tan publicou um comunicado negando as acusações e defendendo uma colaboração com a Casa Branca.
- Dias depois, ele se reuniu com Trump.
- Após o encontro, o republicano mudou completamente o tom e disse que o sucesso e a ascensão do chefe da empresa de tecnologia são uma história incrível.
- O último episódio desta novela foi o acordo de compra de parte das ações da Intel pela Casa Branca.
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Influência da Casa Branca no setor de chips está aumentando
Embora não preveja que o governo dos Estados Unidos tenha assento no conselho da Intel, o acordo dilui acionistas existentes e reduz seus direitos de voto. Isso significa que Trump terá um certo poder, pelo menos de influência, nas decisões futuras da fabricante de chips.
A medida deve melhorar a liquidez da empresa, mas não altera sua classificação de crédito nem a demanda por seus produtos. Em julho, a companhia divulgou resultados financeiros acima do esperado, mas suas ações caíram 8% diante de preocupações com a divisão de fundição.

A operação se soma a outras intervenções do governo Trump no setor de chips. Recentemente, o presidente se aproximou da Nvidia e até concedeu uma autorização para que a empresa volte a exportar produtos para a China.
Críticos afirmam que o negócio com a Intel cria um precedente preocupante, pois sugere que a Casa Branca pode pressionar empresas saudáveis em troca de participação acionária. Há também quem enxergue sinais de risco de “capitalismo de Estado”, alertando para conflitos crescentes entre interesses públicos e privados.
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