Desde o início do mês, Marte tem levantado debates na internet, com a divulgação de imagens intrigantes. Primeiro, chamou a atenção um quadrado no solo marciano capturada pela Sonda Global de Marte (MGS), da NASA. Depois, foi a vez de dois monólitos – um no planeta e outro na lua Phobos. Curiosamente, nenhum desses registros é inédito.
Enquanto a foto da estrutura quadrada foi feita em 2001, o monólito de Marte foi capturado em 2008, e o de Phobos em 1998. Mas, como muitos casos que vemos na web, elas voltaram a repercutir graças a postagens nas redes sociais.
O mesmo acaba de acontecer com outra captura polêmica de Marte. No último domingo (9), uma conta X chamada “UFO mania” publicou uma foto de 30 de janeiro de 2014, contendo algo que se assemelha a uma porta entre as rochas marcianas – que então se espalhou como costuma acontecer, com as pessoas especulando sobre a característica.
Mars Rover Curiosity – SOL 528. Is this a door? pic.twitter.com/M1EWYQAjuG
— UFO mania (@maniaUFO) February 9, 2025
Seria um portal alienígena? Um acesso para um túnel que leva até o centro do planeta? Essas foram algumas das suspeitas levantadas pelos curiosos de plantão.
Mas, afinal, o que é a “porta” vista em Marte?
Conforme noticiado pelo Olhar Digital, um registro semelhante foi feito em 2022. Segundo a NASA explicou na ocasião, é tudo uma questão de perspectiva. “É uma foto muito, muito, muito ampliada de uma pequena rachadura em uma rocha”, explicou a agência à BBC News Mundo, o serviço de notícias em espanhol da emissora britânica.
Essa imagem faz parte da série “Sol 3466”, em 7 de maio de 2022, que foi publicada em vários fotogramas no site do Programa de Exploração de Marte da agência. Assim como acontece na foto de 2014, vista em toda a sua composição, a série muda a perspectiva de dimensão e a forma da tal “porta”.
Cientistas do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) revelaram que a fissura é pequena, com cerca de 30 cm de largura por 45 cm de comprimento. “Existem rachaduras lineares em todo esse afloramento, e este é um lugar onde várias rachaduras lineares se cruzam”.
De acordo com Neil Hodgson, um pesquisador britânico que estudou a geologia marciana, trata-se de uma erosão natural dos estratos (camadas rochosas formadas por lodo e areia). “Eles foram depositados há cerca de 4 bilhões de anos em condições sedimentares, possivelmente em um rio ou em uma duna levada pelo vento”, disse Hodgson, em entrevista ao site Live Science.
Neste caso, em particular, uma rachadura vertical atravessa os estratos da rocha, formando a (não mais) “misteriosa” fenda.
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Mente influencia na visão das paisagens marcianas
Há um fator psicológico em ação: a pareidolia. Esse fenômeno ocorre quando o cérebro humano interpreta padrões aleatórios como formas familiares. É o mesmo efeito que nos faz ver animais nas nuvens ou identificar figuras em sombras.
O astrofísico Carl Sagan, em seu livro “O Mundo Assombrado pelos Demônios”, explicou que essa habilidade evolutiva foi essencial para a sobrevivência dos primeiros humanos. Se um ancestral enxergasse algo parecido com um predador entre as árvores, a reação mais segura seria fugir, mesmo que depois aquilo se revelasse apenas um jogo de luz e sombra. Aqueles que hesitavam corriam o risco de não sobreviver. Esse mecanismo continua ativo até hoje, nos fazendo enxergar padrões mesmo quando eles não existem.
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