O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste sábado (10) que a nova rodada de negociações com a China sobre a guerra comercial entre os dois países resultou em “grande progresso” e representou uma “reinicialização total” nas relações bilaterais. As conversas ocorrem em Genebra, na Suíça, e serão retomadas no domingo (11). Foi o primeiro encontro de alto nível entre autoridades norte-americanas e chinesas desde o agravamento da disputa tarifária, que tem causado instabilidade nos mercados globais.
Em publicação na rede Truth Social, Trump classificou a reunião como “excelente” e escreveu: “Uma reinicialização total negociada de maneira amigável, mas construtiva. GRANDE PROGRESSO FEITO!!!”. A delegação dos Estados Unidos é liderada pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, e pelo representante de Comércio, Jamieson Greer. Já o vice-primeiro-ministro He Lifeng comanda a equipe chinesa.
Desde o início de seu novo mandato em janeiro, Trump ampliou tarifas sobre importações, com foco especial na China, que passou a pagar taxas de até 145% sobre diversos produtos. Em resposta, o governo chinês impôs tarifas de 125% sobre produtos americanos e adotou outras medidas contra setores estratégicos dos EUA. O resultado foi o esfriamento do comércio bilateral e fortes impactos nas bolsas de valores.
As reuniões estão sendo realizadas em um chalé oficial do governo suíço, ligado à representação do país na ONU. Segundo a agência estatal chinesa Xinhua, o diálogo representa um passo importante para a solução do conflito, embora detalhes sobre avanços específicos não tenham sido divulgados. Na sexta-feira (9), Trump indicou a possibilidade de reduzir para 80% as tarifas aplicadas a produtos chineses. Segundo o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, o presidente “gostaria de apaziguar a situação”. Mesmo com a proposta, a Casa Branca mantém a posição de que qualquer recuo nas tarifas dependerá de concessões por parte da China.
A diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, classificou a rodada de negociações como “um passo positivo e construtivo”. Em abril, ela havia alertado que um eventual “desacoplamento” entre as duas maiores economias do mundo poderia trazer sérias consequências ao comércio global. A presidente da Suíça, Karin Keller-Sutter, comentou o momento com tom bem-humorado ao dizer que, “depois de Roma, é hora de o Espírito Santo vir a Genebra”, em referência à recente eleição papal.
Apesar de um crescimento inesperado de 8,1% nas exportações chinesas em abril, as vendas do país aos Estados Unidos caíram quase 18% no mesmo período, evidenciando o impacto da disputa tarifária. Especialistas avaliam que as negociações podem resultar em medidas provisórias. Para Bonnie Glaser, do German Marshall Fund, um possível desfecho seria a suspensão temporária das tarifas impostas neste ano. Já Lizzi Lee, do Asia Society Policy Institute, acredita que os avanços podem ser apenas “simbólicos” e não resolverão os impasses de fundo. O professor Xu Bin, da Escola Internacional de Negócios China Europa (CEIBS), em Xangai, demonstrou ceticismo quanto a uma normalização tarifária. “Mesmo que as tarifas sejam reduzidas, ainda serão altas demais para permitir um comércio normal”, afirmou.
*Com informações da AFP
Publicado por Felipe Cerqueira
